Sim, estou decidida. Vou mudar minha vida, Cansei de remédios, dietas, emagrece-engorda, academia até quarta. Cansei. Não foi uma decisão tomada do dia para a noite. Tive milhares de dúvidas. Pensei centenas de vezes. Pesquisei. Mudei de médicos. Pedi orientações a profissionais, amigos, médicos pessoais. Medo? Claro... faz parte!!! Mas estou decidida. Criei este blog à 29 dias da cirurgia, 14 de agosto de 2013, para tentar ajudar as pessoas que cogitam em fazer a cirurgia bariátrica.
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terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sem palavras e muitas palavras

Eu havia prometido que não ia sumir... Mas não consegui cumprir... Me perdoem!!!
Muita gente me cobra mais postagens!!!

Enfim, vou transcrever o que escrevi no meu Facebook semana passada para vocês entenderem porque parei de postar, mais uma vez...
"Lembro quando conheci meu sogro. Ele era gordinho, falava bem baixinho por conta da traqueostomia (e tinha de repetir várias vezes até eu acostumar a ler os lábios dele falando). Ele morava com a minha cunhada. Eu cheguei na casa dela e depois de um tempo ele perguntou: “Quem é esse rapaz ai?”, no que eu imediatamente respondi: “É seu filho, não lembra dele? Ele é sua cara! Prazer, eu sou sua nora, Danielle”, dai ele apontou para o Amilcar, e seus 4 anos, com olhar de ternura, e afirmou: “Aquele é meu neto”. Pronto. Ele me ganhou naquele instante. Amou meu filho como um verdadeiro avô. Ele sempre dizia que ele era seu único neto homem. Por conta das coisas do destino, fazia anos que ele não via seu filho, meu marido. A partir daquele momento, de qualquer forma, eles nunca mais se separaram, apesar do muro que existia entre eles... Naquele dia (e sempre que lembro, fico rindo sozinha), eu, toda estabanada, derrubei meu sogro no chão, foi muito engraçado ele levantando rápido, rindo de si mesmo, e eu me controlando para não me acabar de rir da situação...
Algum tempo depois, e após mais uma peça do destino, meu marido virou pra mim e falou: “Posso trazer meu pai para morar com...”, no que eu nem deixei ele completar: “Claro! Ele pode vir morar com a gente, aliás, eu já havia pensado nisso!”. Naquele tempo a gente só tinha o Amilcar, a Josi e 1 cachorro... No começo foi estranho. Ele fumava muito, e eu sempre detestei cigarro. De longe sentíamos o cheiro odioso de nicotina. Dai, com jeitinho, eu fui o convencendo não fumar no apartamento. Ele sempre me ouvia. Tivemos alguns momentos de tensão (porque eu queria que ele parasse de fumar e comesse melhor), mas nunca brigamos. Aliás, o sr. Paulo Mangueira sempre foi como um pai para mim. Sempre que eu e o Alexandre brigávamos, ele pedia para eu ficar calma, ou quando eu brigava com o Amilcar por causa de tolices, ele dizia para eu ter paciência. Na verdade, com a distância dos meus pais, o meu sogro ficou sendo meu porto seguro, meu amigo, sempre tínhamos ótimas conversas. Um pai, meu segundo pai. Uma das pessoas mais inteligentes que conheci, leu todos os livros (e são muitos), mais de uma vez, aqui de casa. Entendia de tudo, sabia de tudo, cansou de ensinar o Amilcar nas lições de casa, e depois a Lívia... Por falar nela, logo depois que ele mudou pra casa, fiquei grávida. A Vivi nasceu, ariana como ele. A paixão por ela foi imediata, fulminante, parecia um reencontro de almas. Era só ela estar perto dele, e os olhos amendoados do meu sogro mudavam. Ele brincava de bola, de esconde-esconde, de luta de espadas... Eu tinha que mandar eles pararem, pois podiam incomodar os vizinhos, mas era lindo ver a sintonia dos dois! Ele acordava e já perguntava por ela. Até no hospital, quando passava a maior parte do tempo dormindo, assim que abria os olhos, perguntava pela sua Lívia...
O meu sogro, como um bom ariano, tinha resquícios de ter sido bravo outrora, mas tinha um coração de manteiga também. Eu sempre dizia que ele poderia se candidatar a algum cargo político que ganharia, era adorado pelos vizinhos, conhecido por todos onde passava. Até no hospital os médicos, enfermeiros e pacientes adoravam o carismático sr. Mangueira. Ah, não posso deixar de dizer que ele adorava dar sustos, e morria de rir quando a gente faltava enfartar! Adorava nos beliscar com a cara mais santa do mundo rsrsrsrs
Como eu podia não amá-lo? Ele adorava meus pais (sofreu quando eles se foram, especialmente quando a mamãe se foi, eram companheiros de cervejinha), meus irmãos, era um sogrão, um avozão. Gostava de feijoada e massas, mas sua paixão era o café... Quando não quis mais tomar nem o seu cafezinho, eu senti que algo não ia bem... Meu magricelo, como eu te amo! Fiz questão de dizer isso todas as vezes que fui te visitar no hospital, não queria que restassem dúvidas, não queria que ficassem pendências. Sofri muito em vê-lo debilitado, meu coração despedaçava. Nunca contei que seu caso era grave, mas seus olhos demonstravam saber... Um dia, te fiz uma promessa, uma promessa que na verdade era para ter feito à minha mãe, mas não tive tempo... Prometi que ia fazer o impossível para que o senhor ficasse bem, prometi que ia te ajudar, que o senhor não ia sofrer... Eu havia esquecido que sou impotente, mas diante de seus medos, queria que o senhor se sentisse acarinhado, que não estava sozinho, afinal, todos nós, independente da idade, necessitamos nos sentir assim: protegidos... Todas as vezes que fui visitá-lo, o senhor me enxergava de longe e já dava aquele sorrisão, e falava com aqueles olhos inesquecíveis: “chegou a minha heroína, ela veio me salvar”... E eu ia embora em pedaços por não poder te salvar, sentia o senhor se abater cada vez mais e mais! Meu Deus, como é duro não poder tirar essa dor de quem sabe que vai partir... Este ano chorei todas as lágrimas do que já chorei em toda a minha vida!
Meu sogro, eu não pude te salvar, mas tenha certeza que fiz o que pude para fazer a sua vida melhor... O senhor completou sua missão: uniu seus filhos mais uma vez, nos fez pessoas mais fortes, nos deu a certeza que nosso corpo não significa nada, portanto orgulho não leva à lugar nenhum, e que o perdão é imprescindível! Se foi cercado de amor, aliás, amor era tudo o que o senhor sempre quis... Como te falei no ouvido, em nosso último encontro: obrigada por tudo... Te amo para sempre e, até mais sr. Mangueira, meu sogrinho! Só mais uma coisa: Da um beijo bem apaixonado e saudoso aí nos meus pais por mim... Logo a gente se encontra e vamos fazer aquela festa!"

ps: Desde agosto eu praticamente parei tudo para cuidar do meu sogro, e nem tinha cabeça para escrever! 2015, pra mim, não existiu: Se foram mais dois dos meus alicerces: Minha mãe e meu sogro... Agora, vamos tentar ir em frente... Beijos carinhosos <3


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